Atualmente estou cursando o mestrado de psicogerontologia, palavra grande que significa nada mais que a psicologia voltada à ciência do envelhecimento humano, e que percebo causar espanto em muitos ao demonstrar meu interesse no tema.
Lembro-me de que em uma das primeiras aulas, foi levantado um questionamento bem simples: “Envelhecer é algo ruim ou bom?”.
Embora tenha tentado se mostrar uma faceta positiva do envelhecer, no final o que imperou foi algo muito negativo… Solidão, doença, depressão, abandono, tudo que se tinha de pior no envelhecer.
Infelizmente em nossos tempos atuais, cultuamos o jovem, belo e produtivo. Envelhecer parece ser o distanciamento total de tudo que se é valorizado ultimamente.
Porém não precisa ser assim! Somos nada mais que a soma de todas as experiências, interações, sentimentos positivos e negativos, pensamentos e crenças.
Como uma árvore que com o passar do tempo vai acumulando camadas e se tornando cada vez mais forte e imponente, envelhecer deveria ser o processo de acumular tudo o que a vida nos proporcionou e ainda nos proporciona.
Nunca é tarde demais para ter novas experiências e se permitir mudanças, compartilhar tudo aquilo que se presenciou e ensinar aos outros todo o encanto que se viveu. E por que não, também aprender?
As dificuldades físicas e cognitivas, muitas vezes típicas do passar dos anos são apenas marcas de tudo que passou, pois de nada vale querer ter uma velhice repleta de saúde se relegou isso a segundo ou terceiro plano toda a sua vida.
Somos produto de nossas escolhas, de nosso meio e de nosso tempo, negar isso e querer resultados diferentes só por estar envelhecendo é no mínimo ingenuidade.
Também não podemos esquecer-nos de nos cuidar no aqui e agora, afinal sentar a frente da televisão e esperar o tempo de partir, também não parece ser a melhor forma de aproveitar os dias.
Envelhecer não deveria ser sinônimo de abandono, muitas vezes causado pelo próprio individuo, que aos poucos deixa para traz tudo aquilo que o fez tão bem ao longo da vida, apenas para sucumbir ao preconceito de que “envelhecer é só esperar a morte chegar”.
A suavidade de perceber que de passagem em passagem, envelhecer é apenas mais uma das tantas coisas que temos que enfrentar para poder participar dessa grande festa chamada vida.